domingo, 14 de julho de 2019

The Glass Castle e a vida real





Era uma vez uma menina...
Ela foi muito desejada pela sua mãe, sendo assim, muito amada quando chegou a este mundo. Ela sabe que houve casos de ciúmes de seus irmãos, mas na maioria das vezes, foi muito protegida por eles.

A sua infância foi bem pobre (não que este fato tenha mudado hoje), mas hoje ela percebe que a pobreza da época foi mais marcante do que atualmente tanto pelo momento histórico e econômico, quanto por ser criança.

Houve períodos de muita pobreza mesmo, de faltar alimentos e essa mãe chorava por isso. Achava que os filhos não sabiam, mas criança sabe... e criança sente. O pai, mais reservado, deve ter sofrido muito também. No entanto, nunca faltou amor... e valor.  Esses sentimentos são tão... apagados hoje em dia.

Esse ciclo se repete vez ou outra. Karma talvez... mas essa é a história da minha vida. É a história dos meus.

O título supracitado vem de outra história real também e que me proporcionou um outro olhar sobre os meus pais, meus irmãos, minha família, pessoas próximas, folgas e abusos decorridos que eu só fui me dar conta quando adulta, esforços, amor, companheirismo, amizade e animalidade, por que não? Afinal, onde se vivem irmãos há sempre um rastro de selvageria hahahaha.

Vamos ao filme:
Foi indicado pelo meu amigo Rick.

Trata-se de uma história real como já dito, da jornalista Jeannette Walls. Sem grandes surpresas, porém com algumas cenas que considero pesadas, o filme mostra sua infância com seus irmãos e pais nômades, de extrema miséria e algumas negligências, promessas nunca cumpridas e vontades simples ao passo da impotência que a realidade impunha, fome. É um filme de doer que até chorei.

Além disso, há o plano de fundo dos sentimentos como todo filme de drama: amargura, tristeza, saudade, dúvidas, lembranças tão doloridas quanto doces, e vontade de mudar ou não.

Eu consigo compreender o ponto de vista da protagonista e sua mudança como se fosse eu que estivesse passando por aquilo. Chega a ser mágico o silêncio que tudo explica.

Embora meu pai não seja alcoólatra ou fumante e minha mãe tenha sido mais responsável (amém), eu também, conforme fui crescendo, vi que meus pais erravam. Pois antes o que minha mãe dizia era lei, era a verdade não passível de questionamentos. Seus erros foram como traição para mim. Era a pior das injustiças porque, na minha cabeça,  só os filhos poderiam errar. Sorte a minha, vi que meus pais são humanos pouco antes da adolescência, o que me livrou de ser uma adulta retardada, ou não hehehe.

Foi importante o jogo limpo da minha mãe principalmente, o famoso: Te amo, mas você vai ter que virar. Foi maravilhoso para mim. Aos meus 18 eu já era arrimo de família e pude mudar a realidade deles um pouco juntamente com meus irmãos. Pena que 4 anos depois a minha mãe faleceu. Gostaria muito de dar muitas coisas a ela, mas a vida é assim, dá e tira e vc tem q seguir sangrando ou feliz.

Como há males que vem para o bem, até hoje eu e meus irmãos somos muito parceiros. Gostaria de falar particularmente de cada um, mas não é o caso. Contudo, eu assumi um papel de responsabilidade em minha família que sinceramente, não gostaria.  Assim como no filme.

Essa mistura de filme com a  minha vida está parecendo Dostoiévsky hahaha. Houve muita identificação, assim creio que seja com a vida de muitas pessoas. É tudo misturado, eu quero lembrar do que estou sentindo.

Muitas decisões nos aprisionam ao invés de libertar. A vontade de partir e ter uma vida diferente liberta. Mas o quanto aprisiona com a culpa e a confusão na cabeça por levar um estilo de vida que, apesar de ser o que se deseja no momento, não se completa pela caminho não ter sido da forma que queríamos? Uma violência contra nós mesmos e por nós legitimadas. Isso se repete em vários momentos, em muitos fragmentos da nossa vida.

O filme é despretensioso e não finaliza com nenhuma lição de moral, mas a minha visão sobre a Jeannette é que ela é forte. Forte pela coragem de ser sensível, empática e vulnerável. Vulnerável no sentido de ser criativa, transformadora e saber lidar com as dificuldades. Hoje eu tenho uma nova visão do que é ser forte.

Esse filme me deu uma vontade doida de escrever. Esse blog me permite escrever do jeito que eu quiser, da forma que me vem o pensamento. Por um momento achei que ele havia sido cancelado, porque eu o escondi e não o encontrava. Feliz de revê-lo. Saudades de mim.


Sabbra.






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