quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

 Passados tantos anos, passadas tantas coisas e, sem tempo para outras tantas.

 E no final, eu sou eu mais eu mesma quando escrevo. Escrever é a minha forma de gritar silenciosamente... de prazer ou de dor.

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Já faz 84 anos....

Depois de tanto tempo da criação do Blog, senti vontade de escrever alguma coisa que sei lá onde vai dar...

Estou em quarentena desde o dia 19 de março. 

Estes dias tem sido um misto de saco cheio com a vontade de ficar "quarentenada"para sempre. Refleti sobre várias coisas e houve momentos também pensei na morte, no luto para quem fica, no significado dos sentimentos quando tudo muda, tudo se perde..

Tem sido dias de claras transformações sociais e individuais. Socialmente falando, eu acho que fascista tem que morrer hahahahaha, individualmente falando eu só quero a paz no mundo. É foda esse misto de sentimentos.

No entanto, conforme a Gabi comentou em seu post, não dá para fechar os olhos para quem não está confortável em sua linda casa podendo manter distância de um metro e meio de outra pessoa. 

Mas nesses dias tão intensos, eclode toda a fúria e também toda a mágoa reprimida construída pela história da humanidade. E eu, simplesmente não sei lidar. Tento, mas não sei.

Falo de todo o tipo de violência contra as minoridades de forma geral. 

O bordão de um tempo atrás "PARE O MUNDO QUE EU QUERO DESCER", foi tão clamado que o mundo realmente parou e agora desce muitas situações goela abaixo.

De tudo, a gente tenta tirar algo de bom dessa quarentena: alguns fizeram cursos, estão cuidando mais do corpo, da mente e eu só como doce, salgado, salgado, doce... e bebo coca.

Não vou negar, não fiz plano nenhum para aproveitar o me tempo livre. Assisti série e isso é uma vitória porque eu não via nada além do que o direito trás nos últimos dois anos.

Conversar com meus amigos estava sendo muito bom também. Ainda é, mas de repente descobri que há vida fora da internet, fora do mundo, mas entre as novas técnicas de cuidar do cabelo, da pele e do espírito hahahahaha. Cuidar das plantinhas de casa, passar a mão no pêlo macio do meu gatinho e tomar banho com mais calma (eu já demorava hahahahah).

Eu escrevo essa "tranquilidade"da minha vida com certa culpa decorrente da falta de uma vida mais digna para muitas pessoas. E olha que minha vida nem é tão digna assim, minha vida também é foda. Porém, não me conforta olhar para o lado e ver outra mais foda ainda. 

Por outro lado, percebo meu egoísmo de querer me sentir bem, nao sei se me entendem...beleza que tem uma cota de autossabotagem e sentimento de não merecimento da minha vida, mas olha só como tentei dizer algo bom e voltei para o mesmo ponto: a desigualdade ... isso mata mais que o coronga.

Foi mal, fui escrevendo o que estava em minha mente hahahaha.  "vocês que lutem"para entender hahahah, e viva o bordão da época.

sábado, 2 de novembro de 2019

17 anos

Hoje eu abracei todos os meus ausentes, que vivem tão intensamente em minha memória.

Faz 17 anos que minha mãe faleceu. Tantas coisas mudaram...
Fazia um tempo que não ia na cerimônia de "Shokô" (oferecimento de incenso em oração budista aos falecidos).
Primeiramente, eu gostei muito das orientações do Sr. Maehara que, em tom leve orientou a todos sobre o sentido e o sentimento da construção do lindo Palácio Memorial da Paz  Eterna, bem como o oferecimento das nossas orações. Uma curiosidade é que, após carinhosamente agradecer a presença de todos, e em especial, pessoas que não eram budistas pela consideração de partilhar o momento, ele disse que cada um poderia fazer e oferecer seu sentimento ao seu modo e conforme suas crenças. Achei extremamente valoroso. Acredito que a convicção aumenta quando não há imposição.

Secundariamente, um filme se passou em minha cabeça ao ver a emoção do meu pai ao ler o nome de minha mãe no nicho da sala cinerária. Quanta saudade! Quanto amor!

Lembrei que alguns anos após a sua morte, eu participei de uma atividade budista e calhou de poder visitar o cinerário sozinha. Eu sentei no chão e fiquei na altura do nicho, em silêncio. Chorei de saudade, mas percebi o quanto havia vivido bem... e agradeci.

Ainda este ano fiz o mesmo com meus amigos Rick e Wangler. Um pouco antes de prestigiar a concessão de Gohonzon do nosso amigo Job, fomos ao palácio memorial.Só havia nós três.
Acompanharam-me até o nicho de minha mãe e depois cada um visitou o nicho de seus familiares. Após, sentamos na sala de oração, mas não oramos. Ficamos em silêncio. Um silêncio cúmplice de ... fique só, mas eu estou aqui"... e o silêncio tão acolhedor me deu vontade de chorar e chorei ahahaha. Não sei quanto tempo durou, mas este momento está gravado profundamente em meu coração.

A morte, por óbvio, é forte válvula do passado. Por este motivo, remeto-me a profundas reflexões:
Tudo o que eu vivi foi o que quis até agora? Perdi tempo? Me enganei ou me deixei enganar? Segui meu instinto? Me envolvi com outros instintos (hummmmm)? Confundi sentimentos? Errei ou acertei mais? E o principal: Estou fazendo jus ao que  pretendo no futuro?  Estou fazendo jus ao amor dos entes que não mais estão aqui? Estou vivendo?  Piegas porém, relevante.

E aí eu percebo que algo milagroso acontece agora e a todo o momento. Entorpecida entre a minha realidade e anseios e sem que eu perceba, algo está acontecendo. E eu só vou me dar conta quando virar passado sobre o quanto foi especial, o quanto foi essencial. Mas o passado é morto.

Desta forma, consegui aquietar minha mente e sentir todas as minhas lembranças e um insight de que tudo o que acontece, sem maniqueísmo... é mágico, lindo e morre.

Nesse espacinho de tempo, o aproveitamento máximo vai ser o gatilho da nossa vontade de viver tudo o que pudermos, porque a faísca que é a nossa vida pode se apagar até antes do final deste meu escrito.

O que nos resta é saber se eu cuidei bem de mim e de quem eu amo.Se eu ri e chorei o suficiente, se bebi e vi o suficiente, se senti o suficiente para compreender a importância de cada segundo da vida que neste instante já morreu.

E antes que pense: E você perdendo tempo aqui escrevendo???
Creio que dá para entender que estou vivendo, escrevendo, refletindo... então é este o meu momento mágico de palavras cujas não escritas agora, jamais seriam as mesmas, seriam natimortas.

Vem cá, me dá um abraço e vamos trocar energia para aquecer nossas almas :)


domingo, 14 de julho de 2019

The Glass Castle e a vida real





Era uma vez uma menina...
Ela foi muito desejada pela sua mãe, sendo assim, muito amada quando chegou a este mundo. Ela sabe que houve casos de ciúmes de seus irmãos, mas na maioria das vezes, foi muito protegida por eles.

A sua infância foi bem pobre (não que este fato tenha mudado hoje), mas hoje ela percebe que a pobreza da época foi mais marcante do que atualmente tanto pelo momento histórico e econômico, quanto por ser criança.

Houve períodos de muita pobreza mesmo, de faltar alimentos e essa mãe chorava por isso. Achava que os filhos não sabiam, mas criança sabe... e criança sente. O pai, mais reservado, deve ter sofrido muito também. No entanto, nunca faltou amor... e valor.  Esses sentimentos são tão... apagados hoje em dia.

Esse ciclo se repete vez ou outra. Karma talvez... mas essa é a história da minha vida. É a história dos meus.

O título supracitado vem de outra história real também e que me proporcionou um outro olhar sobre os meus pais, meus irmãos, minha família, pessoas próximas, folgas e abusos decorridos que eu só fui me dar conta quando adulta, esforços, amor, companheirismo, amizade e animalidade, por que não? Afinal, onde se vivem irmãos há sempre um rastro de selvageria hahahaha.

Vamos ao filme:
Foi indicado pelo meu amigo Rick.

Trata-se de uma história real como já dito, da jornalista Jeannette Walls. Sem grandes surpresas, porém com algumas cenas que considero pesadas, o filme mostra sua infância com seus irmãos e pais nômades, de extrema miséria e algumas negligências, promessas nunca cumpridas e vontades simples ao passo da impotência que a realidade impunha, fome. É um filme de doer que até chorei.

Além disso, há o plano de fundo dos sentimentos como todo filme de drama: amargura, tristeza, saudade, dúvidas, lembranças tão doloridas quanto doces, e vontade de mudar ou não.

Eu consigo compreender o ponto de vista da protagonista e sua mudança como se fosse eu que estivesse passando por aquilo. Chega a ser mágico o silêncio que tudo explica.

Embora meu pai não seja alcoólatra ou fumante e minha mãe tenha sido mais responsável (amém), eu também, conforme fui crescendo, vi que meus pais erravam. Pois antes o que minha mãe dizia era lei, era a verdade não passível de questionamentos. Seus erros foram como traição para mim. Era a pior das injustiças porque, na minha cabeça,  só os filhos poderiam errar. Sorte a minha, vi que meus pais são humanos pouco antes da adolescência, o que me livrou de ser uma adulta retardada, ou não hehehe.

Foi importante o jogo limpo da minha mãe principalmente, o famoso: Te amo, mas você vai ter que virar. Foi maravilhoso para mim. Aos meus 18 eu já era arrimo de família e pude mudar a realidade deles um pouco juntamente com meus irmãos. Pena que 4 anos depois a minha mãe faleceu. Gostaria muito de dar muitas coisas a ela, mas a vida é assim, dá e tira e vc tem q seguir sangrando ou feliz.

Como há males que vem para o bem, até hoje eu e meus irmãos somos muito parceiros. Gostaria de falar particularmente de cada um, mas não é o caso. Contudo, eu assumi um papel de responsabilidade em minha família que sinceramente, não gostaria.  Assim como no filme.

Essa mistura de filme com a  minha vida está parecendo Dostoiévsky hahaha. Houve muita identificação, assim creio que seja com a vida de muitas pessoas. É tudo misturado, eu quero lembrar do que estou sentindo.

Muitas decisões nos aprisionam ao invés de libertar. A vontade de partir e ter uma vida diferente liberta. Mas o quanto aprisiona com a culpa e a confusão na cabeça por levar um estilo de vida que, apesar de ser o que se deseja no momento, não se completa pela caminho não ter sido da forma que queríamos? Uma violência contra nós mesmos e por nós legitimadas. Isso se repete em vários momentos, em muitos fragmentos da nossa vida.

O filme é despretensioso e não finaliza com nenhuma lição de moral, mas a minha visão sobre a Jeannette é que ela é forte. Forte pela coragem de ser sensível, empática e vulnerável. Vulnerável no sentido de ser criativa, transformadora e saber lidar com as dificuldades. Hoje eu tenho uma nova visão do que é ser forte.

Esse filme me deu uma vontade doida de escrever. Esse blog me permite escrever do jeito que eu quiser, da forma que me vem o pensamento. Por um momento achei que ele havia sido cancelado, porque eu o escondi e não o encontrava. Feliz de revê-lo. Saudades de mim.


Sabbra.






quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

É bobeira acreditar que a felicidade virá todos os dias nos encontrar. Todos os dias inteirinhos, cada segundinho. Mas também não se pode deixar de ver que o mundo é maravilhoso e conspira ao nosso favor, se sabemos ao menos o que queremos ao nosso favor. Difícil é quando lutamos contra nós mesmos. Tomar o curso da vida para um caminho que não queremos e depois culpar as circunstâncias, o outro, não é um ato lá muito bonito.


"É muito fácil sermos fortes quando estamos em meio a muitas pessoas, quando as coisas estão caminhando conforme nosso desejo.


A grande dificuldade é mantermos a nossa determinação firme quando tudo caminha para um rumo não esperado ou quando estamos sozinhos.



Nitiren Daishonin nos ensina que quando as pedras caírem na nossa cabeça, precisamos ter força para ficar de pé, e fazer delas a escalada para a nossa evolução, para o nosso desenvolvimento." BS 2006.

É muito bom viver aqui, neste mundo, o problema é que algumas pessoas o deixam um tanto estranho.

É ruim perder o que a gente ama muito. Não é questão de desistir, mas também, acredito que nem toda a desistência seja um ato de covardia. No entanto, algumas chegam a ser criminosas.

O ser humano é um bicho complexo. Tentar ser prático muitas vezes é tolice, mas complicar mais as coisas também é. É ruim quando não se sabe o que fazer e tentar fazer    de formas diferentes o que não muda, porque... quem tem que mudar é a gente.

Mas o mais difícil é que, ao passo de querer fazer tanta coisa, mudar tantas coisas também gostaria de preservar o que me fez feliz em algum momento e isso já não dá mais, porque não há mais o que se descobrir em mim, não há mais inspiração, nem paixão... rien



Si un jour la vie t'arrache à moi,
Si tu meurs, que tu sois loin de moi,
Peu m'importe, si tu m'aimes,
Car moi je mourrais aussi.
Nous aurons pour nous l'éternité,
Dans le bleu de toute l'immensité,
Dans le ciel, plus de problèmes.
Mon amour, crois-tu qu'on s'aime?


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

É estranho imaginar como o amor e a dor dormem no mesmo quarto e como facilmente um acorda o outro. Sinto vontade de dizer tantas coisas e, quando estamos tristes, as palavras ficam mais intensas, muitas vezes, mais bonitas... mergulhamos no fundo do nosso eu quando estamos chateados com algo. Quando não, queremos viver, viver, viver e felizmente não há tempo para pensar na vida. Vou me conter, não porque eu não tenha o que escrever, mas por haver coisas que não devem ser escritas mesmo...


O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo.Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência, não pensar...
Solidão não tem depois... mas a vida, ah, a vida... só é possível reinventada.