quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Apologia de pessoas comuns


"Só sei que nada sei". Com estas palavras, Sócrates reagiu ao pronunciamento do oráculo de Delfos, que o apontava como o homem mais sábido de todos os homens. Sócrates dizia que a filosofia não era possível enquanto o indivíduo não se voltasse para si próprio.

Diz - se que, quando perguntavam -lhe o que poderiam fazer para obter todo o conhecimento, Sócrates respondia: Conhece - te a ti mesmo.

Para Sócrates, viemos de um mundo ideal, e já nascemos com todo o conhecimento (matemática, filosofia, física etc)... porém, quando nascemos, esquecemos.

Sócrates fazia perguntas para as pessoas, sobre o que elas achavam sobre o mundo, sobre a vida, etc, a fim de resgatar esse esquecimento. E aos poucos elas percebiam que tinham uma visão sobre vários assuntos, e sobre o que mudaria durante o tempo. Sócrates "sintetizava" esses conhecimentos e percebia neles o que era relevante para sua caminhada.

Pois bem, todo o conhecimento do homem mais sábio de todos os homens, adquiriu - se com os ideais e idéias de pessoas comuns. Não dá pra dizer que não é preciso ler Sócrates huahauh, mas a idéia calha na coisa mais simples do humano, a sabedoria interior que todos têm mesmo ofuscada pela realidade, esta criada por nós mesmos. Eu hein, que coisa...

Talvez esteja na hora de refletirmos sobre nossas idéias, nossas atitudes e manifestar essa sabedoria "socrática" que temos dentro de nós. Isso independe de conceito moral ou grau intelectual, é simples reflexão interior.
Obviamente, essa reflexão não anula nossa busca por conhecimentos e experiências alheios. É preciso ler, estudar, se esforçar e principalmente, questionar para ponderar os assuntos de nosso maior interesse, assim como Sócrates. Porém, esta vontade vem naturalmente conforme nossa ânsia de entender a razão da vida e a transformação do mundo, com atitudes conscientes que se adequam a nossa época. Essas atitudes começam com pequenas mudanças no nosso dia - a - dia.

Se eu não disser nada, nada será dito, se eu não fizer nada, nada será feito. Não dá para esperar que alguém me represente. Não quero tornar - me um mártir. Quero sentir a vida em sua plenitude, e para isso terei que dar minha contribuição para acabar com o teatro dos suplícios, muito mais violento hoje, pois advém do prazer de fazer maldade que atinge até a fauna e a flora... que vai além dos interesses políticos e econômicos. Pôxa, quero ter árvore para estender minha rede, sem achar que vou morrer de bomba, de bala perdida ou de um ataque cardíaco fulminante hehehe

Assim, também mostraremos pro mano do nosso lado, que ele tem parte neste mundo.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Livres + autênticos+ felizes = Budas

"Quando olhamos imparcialmente para o imenso Universo a nossa volta, descobrimos que o que parece, à primeira vista, um vasto silêncio, está na verdade, pulsando constantemente com criação e mudança. O mesmo acontece om o homem: ele nasce, envelhece, morre: depois renasce e morre novamente por sucessivos surgimentos.Nada, nem no mundo da natureza, nem no mundo da sociedade humana, conhece um momento sequer de estaganação ou repouso. Todas as coisas estão em estado de fluxo, surgindo e deixando de existir, aparecendo e desaparecendo, colhidas num ciclo interminável de mudança condicionada pela Lei da Causalidade, atuante tanto no tempo quanto no espaço.

A iluminação do Buda foi, em certo sentido, um grito de espanto com esta misteriosa entidade chamada Vida, cuja miríade de manifestações se juntam e dependem umas das outras através dos elos de causa e efeito. Estar inconsciente desta Verdade é simplesmente iludir-se, alienar-se e tornar-se prisioneiro de desejos, eradores de tanto sofrimento e infortúnio.Ao contrário, iluminar a mente significa romper essa ignorância cega e inata, para então, finalmente, começarmos a ser livres, autênticos e felizes - verdadeiros " BUDAS".

Fonte: O BUDA VIVO por Daisaku Ikeda - Ed. Record, 1976 - resumo de parte do capitulo 4 - A Iluminação

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

As sem - razões do amor

Não gostava de poesias até ler "mãos dadas" do Drummond. Sua forma de expor os mais diversos sentimentos, esses misturados com outros tantos sociais e políticos. Seu jeito cético, crítico e ao mesmo tempo, profundo, existencial me cativou. Identifiquei - me com esse sentimento sentido, contido em palavras simples, claras, duras... Como dizia meu professor, é o limão que corta a doçura exagerada.
E logo, olhamos a vida, nossas perguntas, da mesma forma que ele, com pitadas de humor, pitadas de sarcasmo, sem medo de mudar nosso estilo, nossa maneira e a nossa existência, sem mistificações. E o amor então, hummmm. Viver, viver, viver mesmo depois de morrer.

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade