quinta-feira, 7 de agosto de 2008

As sem - razões do amor

Não gostava de poesias até ler "mãos dadas" do Drummond. Sua forma de expor os mais diversos sentimentos, esses misturados com outros tantos sociais e políticos. Seu jeito cético, crítico e ao mesmo tempo, profundo, existencial me cativou. Identifiquei - me com esse sentimento sentido, contido em palavras simples, claras, duras... Como dizia meu professor, é o limão que corta a doçura exagerada.
E logo, olhamos a vida, nossas perguntas, da mesma forma que ele, com pitadas de humor, pitadas de sarcasmo, sem medo de mudar nosso estilo, nossa maneira e a nossa existência, sem mistificações. E o amor então, hummmm. Viver, viver, viver mesmo depois de morrer.

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade

Um comentário:

Anônimo disse...

Margareth, Margareth